Clima e Vegetação

No município de Dirceu Arcoverde distinguem-se dois subtipos climáticos. A partir da classificação de Thornthwaite (1948) o município apresenta variação entre os tipos subúmido seco e semiárido, o que implica considerar a região como uma “zona de transição” entre ambas as condições de clima, sendo o subúmido seco predominante em quase todo o Piauí, e o clima semiárido presente em boa parte do sudeste e em uma pequena porção do sudoeste do estado.

No que se refere a classificação didática do clima, convêm-se utilizar a classificação de Köppen (1900), que define a região como típica de clima Tropical Semiárido quente (Bsh). As chuvas ocorrem no verão e  os níveis de isoietas anuais médios variam em torno dos 600mm distribuídos ao longo do período entre os meses de novembro e março (Medeiros apud Araújo, 2011).
Gráfico de precipitação (mm) média mensal do município de Dirceu Arcoverde
Estando a uma altitude média de 740 metros acima do nível do mar, a região entre a cidade de Dirceu Arcoverde e o alto da Serra Dois Irmãos se caracteriza por uma espécie de "microclima", que dentre alguns dos fatores que o tornam particular estão os maiores índices de insolação e a menor pressão atmosférica.

Outra característica peculiar que se dá em função da altitude é o fato dessa região estar localizada sob uma das áreas onde o predomínio de temperaturas mais razoáveis costuma ser mais frequente. Na região, a média anual pode variar em torno dos 23°C (Medeiros apud Araújo, 2011). Tal fenômeno climático só vem apresentar as mesmas características no norte do Estado, na região serrana de Pedro II, cidade conhecida pelas agradáveis temperaturas, chegando a ser apelidada de “Suíça Piauiense”.  

Caatinga arbustiva de baixas altitudes em Dirceu Arcoverde
Como característica típica do clima semiárido, a região costuma apresentar condições extremas de temperatura, sendo essas bastante altas durante o dia caindo bruscamente com o chegar da noite. As temperaturas médias anuais do município variam em torno dos 31°C na máxima e de 19°C na mínima (Atlas Climatológico do Piauí; Embrapa, 2004). As temperaturas geralmente ficam entre os 20 e 32°C durante o período mais chuvoso e entre os 15 e 36°C durante a alta temporada da estação seca. Essas condições são dadas pelos baixos níveis de umidade relativa do ar, que são comuns no semiárido e registram valores entre 40 e 50% no período seco (inverno). A mais alta temperatura já registrada na cidade de Dirceu Arcoverde foi de 39°C enquanto que a mais baixa ficou nos 10°C. 
Gráfico de temperatura (Máx. e Mín. °C) média mensal do município de Dirceu Arcoverde
(Fonte: Atlas Climatológico do Estado do Piauí. Embraba, 2004)
Caatinga às margens do Riacho Pedregulho
a 1 km da represa Bom Jardim
Estando a uma localização geograficamente favorável, a ventania costuma ser bastante comum na região devido aos ventos fortes do leste e do sul do Estado que chegam a atingir velocidades de 8,0 metros por segundos (m/s) soprando em direção ao sudeste. Contudo tais ocasiões tendem a ser mais propícias durante o período seco, quando é comum a formação de redemoinhos que às vezes chegam a ser bastante intensos, principalmente entre os meses de junho e agosto (Araújo, 2011).

Como mostra Gomes e seus colaboradores (2005), o índice médio de evapotranspiração de referência (ETo) de Dirceu Arcoverde é de 1045,9mm anual. O município apresenta a segunda menor média entre os municípios estudados, atrás apenas do município de Pedro II, que registrou um índice de 959,1. Se comparado ao índice registrado em São Raimundo Nonato (1581,0mm), estando a uma altitude média de 332 metros, podemos observar uma reedução de 535,1mm, redução que e dá em função do aumento da altitude.


Chapadas altas dos planaltos noroeste do município
O bioma predominante é o da caatinga, bioma exclusivamente brasileiro com características particulares que não são encontradas em nenhum outro lugar do planeta. Dos subtipos de caatinga, a região apresenta o subtipo de arbustivo-arbórea e arbustiva. As caatingas arbóreas, presentes em grandes proporções na região, costumam ser mais frequentes em locais úmidos como serras ou chapadas, o que permite o desenvolvimento de arvores de maior porte como angico e aroeira. Contudo, o subtipo arbustivo é mais frequente em ambientes secos onde comumente encontra-se favelas e marleleiros  (Araújo, 2011).

A fauna local é bastante diversificada, sendo composta por animais típicos da caatinga. Das espécies mais ameaças destacam-se as Siriemas (cariama cristata), Mocós (kerodon rupestris), Tamanduá-mirim (tamandua tetradactyla), Caititu (pecari tajacu) e Tatu-peba (euphractus sexcinctus).
Da esquerda para a direita: Caititu; Mocó; Siriema; Tamanduá-mirim; Tatu-peba.
Imagens: Wikicommons (Wikpédia)